domingo, 27 de maio de 2007

Festa do Espírito Santo, no Salão

Hoje, dia 27/05/2007, iniciam-se os três grandes dias de festa em louvor do Divino Espírito Santo, no Salão. Com esta festa do Pentecostes a Igreja celebra a descida do Espírito Santo sobre Maria Santíssima e os Apóstolos. Esta solenidade encerra as sete semanas do tempo pascal, marcado pela alegria da ressurreição do Senhor e recorda o envio do Espírito Santo, prometido por Cristo à Igreja nascente, o início do "tempo da Igreja".
Na freguesia do Salão existe apenas uma Irmandade do Divino Espírito Santo. Todos os anos esta Irmandade promove a celebração da festa em louvor do Divino Espírito Santo durante três dias: Domingo de Pentecostes, Segunda e Terça-feira de Espírito Santo. Para efeito os Irmãos estão distribuídos em três Comarcas, tocando em sorte, a cada uma, um dos três dias de festa. Compete a cada Irmão, que serve ao Espírito Santo, o Imperador ou Mordomo, organizar a festa com a ajuda dos outros irmãos da respectiva comarca.
Actualmente a Irmandade tem 31 Irmãos que dão serviço: 10 na Comarca do Canto, 10 na Comarca do Meio e 11 na Comarca da Lomba. Existe ainda um número indeterminado de irmãos que não servem, geralmente viúvos, que continuam a pagar a sua quota, mesmo sem participarem nas festividades e de não usarem opas.
A Irmandade do Divino Espírito Santo do Salão tem como finalidade: Fomentar o culto à Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, sufragar as almas dos Irmãos falecidos e socorrer os Irmãos necessitados, quando a Irmandade tiver rendimentos para isso (artigo 2º, dos Estatutos da Irmandade do Divino Espírito Santo do Salão). Esta Irmandade possui como Insígnias duas coroas, dois estandartes, uma bandeira, cerca de vinte oito lanternas, vinte e quatro varas e opa (vermelha). A coroa mais antiga tem quatro hastes e cerca de 100 anos e está sempre no Império, enquanto a outra encontra-se em rotação por casa dos Irmãos.
Podem ser Irmãos pessoas de ambos os sexos, desde que sejam católicos praticantes, tenham comportamento exemplar na sua vida familiar, social e profissional (artigo 4º). Não podem ser validamente admitidos como Irmãos: os que não forem católicos; os que estiverem filiados em alguma associação ou seita condenada pela Igreja; os excomungados, suspensos ou interditos; os que forem considerados pecadores públicos (artigo 5º), e ainda aqueles que desdenham dos dogmas da fé e os que notória e habitualmente são omissos no cumprimento dos seus deveres religiosos ou que não tenham bom comportamento moral e religioso (artigo 6º).
Pode-se dizer que a preparação para estes três dias de festa começam no ano anterior, o Pelouro, o serviço ao Divino Espírito Santo é feito rotativamente de X em X anos, de acordo com o número de Irmãos de cada Comarca. Na Segunda-feira de Espírito Santo, reúnem-se os Irmãos que vão servir no ano seguinte para sortearem entre si o respectivo dia de coroação. O resultado é fixado no Império em forma de edital. Assim se fica a saber como será feita a rotação da coroa pelas casas dos Mordomos (palavra mas vulgarizada na freguesia do que Imperador). Na terça-feira de Espírito Santo, a coroa é mudada para casa do Irmão que, no ano seguinte, servirá em último lugar, onde permanecerá quatro meses. Passado esse tempo, é mudada para casa do irmão que coroará na segunda-feira e, por fim, para casa do que servirá no domingo.
Nas semanas que antecedem este dias os mordomos convidam, dentro das suas possibilidades, os seus conhecidos para celebrarem a festa com eles.
Antigamente a festa começava com a matança da vaca, contudo nos nossos dias devido às leis de higiene e segurança a mesma já não é realizada, ficando esta parte entregue ao matadouro. Na semana anterior, ao dia de servir, é confeccionada a Massa Sovada. De véspera são limpas as carnes e salgadas, para no dia da mordomia serem confeccionadas as tradicionais Sopas do Espírito Santo.
No dia da festa sai a coroa de casa do mordomo, acompanhada dos Irmãos até Igreja (actualmente até ao Centro de Culto da Paróquia, o Império do Divino Espírito Santo), onde é celebrada a Missa com coroação do Imperador e família. Segue depois de novo em cortejo para o lugar onde será servido o almoço a todos os presentes (actualmente no edifício da polivalente da Casa do Povo do Salão). Da ementa, para além das Sopas do Espírito Santo, constam também a carne cozida, a massa sovada, em alguns casos o arroz doce, o vinho do Pico e sumos e ainda pelas mesas tacinhas com confeites, que as pessoas costumam colocar nos copos de vinho para adocicar o mesmo. À chegada ao local do almoço, o pároco benze as esmolas, em número igual ao número de Irmãos que servem naquela comarca e são distribuídas a pessoas carenciadas.
A todos os mordomos o desejo que tudo corra pelo melhor nestes dias de festa em honra do Divino Espírito Santo.
Marília Medeiros
P.S. - Algumas das informações que constam neste post foram retiradas do livro "O ESPÍRITO SANTO NAS PARÓQUIAS FAIALENSES" de autoria de Carlos Lobão.

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